Translated from Portuguese
what i mostly see here on this paper is the emptiness of paper folding over scorpion
of words folding over itself and the cavernous cavity it forms
when words empty out from their emptiness the scorpion has a sharp nail of
words and its sting brands silence nails through silence in the singular i nail writing
about or not writing and when this emptiness turns dense and dances and tenses
its arabesques between scripted and ex-scripted trembling trellises in reverse
white excrement of suspended suppressed spiders the silence where the i
selves itself selfsighting enselves inmyselfselving hangingthread of text ex-text
that’s why i write rewrite nail in the nought the font of this text the fork
fiendish fingers of fables what follows is finding fables finite fables the
finiunison of the one overflowing in emptiness what i mostly see here is this paper that
i scalp the pulp of words on paper i expalpate the blank palpus of a
cobweb paper woven from those threads from webs of surprised spiders
sneakily suppressed for thus is silence and from the smallest margin
from the smallest trivial trifle margin of nevernothing rim border brim of the word
silence gushes out silence rushes out silence begetting and emptiness restoring
the emptiness i mostly see here in this waistband book where the journey happens
in the knot of the book where the journey fails and failing speaks where the journey
is fable dust floating over nothingness is stirred up dust is filings rushing to the magnet
and if you prefer the facile i summon the difficult if the facile seems graceful to you
the difficult is fierce and if you prefer the seen i favor the unforeseen and
Where the facile is your alibi the difficult is my risk thinking the silence that’s
stuck behind words thinking this silence that fills up the pores of
things like a gold and shows us the hollows of words choked by that
gold thinking again the silence golden body where everything wore out the
suffocated solfataras the motionless gills of that wordless space
the book is made of like the journey makes itself a crack between nothing and nil
and the crack is the fable the hinge that unfastens and fastens on its
hinge but folds and unfolds double two-fold of the work where silence
peers from when a speck of dust in the eye of silence is fable and the speck is my
wreck is my risk is this book that i risk and the fable like a speck like a spiral
bait where the speck gets stuck in the hook of silence a handbook of voids
traversed by the void what i mostly see here on this paper is the silent
blank white cornea of nothingness that is the stagnant all and the factory
of letters typewritten letters like mud oozing but beneath is the silence
of the blank untouched that darktype letters deny disguise disavow
and why write why surrender and render the white like shifts of black and the black
like shifts of white that daynightshift turning of emptiness and
full of silence and speech of speech and defeat the scorpion stings its nail on
itself initselfpoisons adversely in reverse but the text resists the text
replies the text replicates its front disperses its back it’s already text
what i mostly see here is the unseen of seeing which is reviewed and revised so
it can’t be in view but which is seen one can see that cardiac cavity of the blank
which whitens the writing of writing and i livingwrite scribealive
o que mais vejo aqui neste papel é o vazio do papel se redobrando escorpião
de palavras que se reprega sobre si mesmo e a cárie escancárie que faz
quando as palavras vazam de seu vazio o escorpião tem uma unha aguda de
palavras e seu pontaço ferra o silêncio unha o silêncio uno unho escrever
sobre o não escrever e quando este vazio mais se densa e dança e tensa
seus arabescos entre escrito e excrito tremendo a treliça de avessos
branco excremento de aranhas supressas suspensas silêncio onde o eu se
mesma e mesmirando ensimesma emmimmesmando filipêndula de texto extexto
por isso escrevo rescrevo cravo no vazio os grifos desse texto os garfos
as garras e da fábula só fica o finar da fábula o finir da fábula o
finíssono da que em vazio transvasa o que mais vejo aqui é o papel que
escalpo a polpa das palavras do papel que expalpo os brancos palpos do
telaranha papel que desses fios se tece dos fios das aranhas surpresas
sorrelfas supressas pois assim é o silêncio e da mais mínima margem
da mais nuga nica margem de nadanunca orilha ourela orla da palavra
o silêncio golfa o silêncio glória o silêncio gala e o vazio restaura
o vazio que eu mais vejo aqui neste cós de livro onde a viagem faz-se
nesse nó do livro onde a viagem falha e falindo se fala onde a viagem
é poalha de fábula sobre o nada é poeira levantada é ímã na limalha
e se você quer o fácil eu requeiro o difícil e se o fácil te é grácil
o difícil é arisco e se você quer o visto eu prefiro o imprevisto e
onde o fácil é teu álibi o difícil é meu risco pensar o silêncio que
trava por detrás das palavras pensar este silêncio que cobre os poros
das coisas como um ouro e nos mostra o oco das coisas que sufoca desse
ouro pensar de novo o silêncio corpo áureo onde tudo se exaure as
sufocadas solfataras as guelras paradas desse espaço sem palavras
de que o livro faz-se como a viagem faz-se ranhura entre nada e nada
e esta ranhura é a fábula a dobra que se desprega e se prega de sua
dobra mas se dobra e desdobra como um duplo da obra de onde o silêncio
olha quando um cisco no olho do silêncio é fábula e esse cisco é meu
risco é este livro que arrisco a fábula como um cisco como um círculo
de visgo onde o cisco se envisga e o silêncio o fisga manual de vazios
por onde passa o vazio o que mais vejo aqui neste papel é o calado
branco a córnea branca do nada que é o tudo estagnado e a fábrica de
letras dactiloletras como um lodo assomado mas por baixo é o calado
do branco não tocado que as letras dactilonegam negram sonegam
e por que escrever por que render o branco como turnos de negro e o negro
com turnos de branco esse diurnoturno rodízio de vazio e
pleno de cala e fala de fala e falha o escorpião crava a unha em si
mesmo sensimesmovenena de anverso e avesso mas o texto resiste o texto
reprega o texto replica seu anverso dispersa seu avesso já é texto
o que mais vejo aqui é o inviso do ver que se revista e se revisa para
não dar-se à vista mas que se vê vê-se é essa cárie cardial do branco
que se esbranca o escrever do escrever e escrevivo escrevivente
Haroldo de Campos played a pivotal role not only in Brazilian and Latin American culture, but also in the avant-garde at large. Born and raised in São Paulo, Brazil, Campos was barely in his twenties when he founded the concrete poetry movement alongside his brother Augusto de Campos and their friend Décio Pignatari, thus revolutionizing poetry and placing Brazil on the map of literary experimentalism for the first time. Over the years, his writing evolved in different directions, including the experimental prose of Galáxias. Parallel to his creative efforts, Campos republished long-forgotten poets, such as the Romantic Joaquim de Sousândrade and the modernist Oswald de Andrade. With Augusto and Décio, he translated modernist and world literature including Joyce, Mayakovski, Pound, medieval troubadours, Dante, Chinese classical poetry, Japanese Noh plays, Goethe, Mallarmé, Biblical texts, and Homer, among others. Campos produced a complex oeuvre of extreme global and temporal breadth gathered in more than 30 single-authored and collaborative volumes. He was admired by international figures such as Octavio Paz, Guillermo Cabrera Infante, Roman Jakobson, Umberto Eco, and Jacques Derrida. Campos received numerous prestigious distinctions, including the Jabuti Prize (Brazil), the Octavio Paz Prize (México), the Chevalier de l’Ordre des Palmes Académiques (France), the Prix Roger Caillois (France), and an honorary doctorate from Université de Montréal (Canada).
Odile Cisneros is a poetry scholar and translator with interests in Latin American avant-gardes, contemporary Brazilian poetry, concrete poetry, ecopoetics, and literary translation. She coedited Novas: Selected Writings of Haroldo de Campos and has translated the work of Jaroslav Seifert, Régis Bonvicino, and Sérgio Medeiros, among others. Her translations were included in the Oxford Book of Latin American Poetry. She created and manages the website ecopoesia.com. Her work has been funded by Mexico’s Conaculta, the Canadian Social Sciences and Humanities Research Council, the Banff Centre for the Arts, and Centro de Referência Haroldo de Campos-Casa das Rosas. She teaches at the University of Alberta and in 2020 she was visiting professor at the Federal University of Santa Catarina, in Brazil. A full translation of Galáxias is forthcoming from Ugly Duckling.